domingo, 9 de fevereiro de 2014

Revolta da Vacina

    No inicio do século XX, a cidade do Rio de Janeiro possuía muitos cortiços que abrigavam famílias extensas. Os que lá moravam, viviam sem saneamento básico algum, possibilitando assim, a proliferação de doenças e levando a então capital brasileira a epidemias alarmantes, entre elas, febre amarela, peste bubônica e varíola. Como a medicina ainda estava caminhando em algumas áreas para se tornar a medicina que nós conhecemos hoje, e embora intenção fosse positiva, ela foi aplicada de forma violenta e autoritária. As pessoas não tinham o conhecimento do que estava se passando.
    O presidente Rodrigues Alves resolve então, aplicar um plano para acabar com as epidemias que assolavam recorrentemente a cidade do Rio de Janeiro. Tomou como solução a higienização e modernização da capital. O médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista, Oswaldo Cruz, fora designado pelo presidente para ser o chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública, com o objetivo de melhorar as condições sanitárias da cidade.
    Oswaldo Cruz acreditava que para a epidemia ser controlada, seria necessário ser injetado no paciente o soro adequado para combater a doença.  Então ele faz pressão junto ao presidente para implantar a campanha de vacinação obrigatória na sociedade.
    A campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática em novembro de 1904. A população do Rio de Janeiro teve uma má reação à vacinação e ao uso de funcionários do governo, o modo violento com o qual homens, mulheres e crianças tinham seus braços despidos e a vacina feita, fez com que o poder da autoridade sanitária praticamente se confundisse com a policial.
    A revolta popular aumentava a cada dia, impulsionada também pela crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de vida) e a reforma urbana que retirou a população pobre do centro da cidade, derrubando vários cortiços e outros tipos de habitações mais simples. As manifestações populares e conflitos espalham-se pelas ruas da capital brasileira. Populares destroem bondes, apedrejam prédios públicos e espalham a desordem pela cidade.
    O autor Nicolau Sevcenko em seu livro “A Revolta da Vacina” mostra que, a Revolta não se limita ao furor de uma população pouco esclarecida sobre a importância da vacina para a prevenção da varíola, que ao lado de outras enfermidades estava causando um aumento significativo no número de óbitos e infectados, mas sim de que ela é o estopim de uma série de fenômenos políticos que solidificaram a hegemonia paulista no poder em detrimento de interesses sociais que abrangesse a população em geral. Além, é claro, da interferência de diferentes grupos políticos na Revolta que viram nela uma chance de se auto promoverem, mas que perderam o controle em determinado momento. No início do século XX, a burguesia ascendente cafeeira paulista precisava se inserir e mostrar ao mundo desenvolvido uma imagem de prosperidade, ordem, governo e economia estável, para continuar com os recursos externos sem os quais a instituição cafeeira não poderia se manter.
    A cidade do Rio de Janeiro, para tanto, precisava passar por uma reformulação, já que as condições estruturais do porto não mais condiziam com a sua importância de terceiro maior porto em movimento do continente americano. Somam-se a este fato as ruas estreitas e tortuosas da cidade que dificultava o trânsito de mercadoria que eram desembarcadas.
    “A revolta não visava o poder, não pretendia vencer, não podia ganhar nada. Era somente um grito, uma convulsão de dor, uma vertigem de horror e indignação” e que, na verdade, “não foi mais do que um lance particularmente pungente de um movimento muito mais extenso e que latejou em inúmeros outros momentos desse nosso dramático prelúdio republicano”. (SEVCENKO, 2010)
    Em 16 de novembro de 1904, o presidente Rodrigues Alves revoga a lei da vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e a polícia para acabar com os tumultos. Controlada a situação, a campanha de vacinação obrigatória teve prosseguimento. Em pouco tempo, a epidemia de varíola foi erradicada da cidade do Rio de Janeiro. Em poucos dias a cidade voltava à sua normalidade e ordem.
 


CHARGES: 


    Charge publicada em 1904 referente à Revolta da Vacina. Ao centro, Oswaldo Cruz. Publicada na revista “O Malho”. Autor: Leônidas. Entendendo a charge: O início do período republicado da História do Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas populares. O Rio de Janeiro não escapou desta situação. No ano de 1904, estourou um movimento de caráter popular na cidade do Rio de Janeiro. O motivo que desencadeou a revolta foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola. A situação do Rio de Janeiro, no início do século XX, era precária. A população sofria com a falta de um sistema eficiente de saneamento básico. Este fato desencadeava constantes epidemias, entre elas, febre amarela, peste bubônica e varíola. A população de baixa renda, que morava em habitações precárias, era a principal vítima deste contexto. Preocupado com esta situação, o então presidente Rodrigues Alves colocou em prática um projeto de saneamento básico e reurbanização do centro da cidade. O médico e sanitarista Oswaldo Cruz foi designado pelo presidente para ser o chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública, com o objetivo de melhorar as condições sanitárias da cidade. A campanha de vacinação obrigatória é colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. Essa recusa em ser vacinado acontecia, pois grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos. A revolta popular aumentava a cada dia, impulsionada também pela crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de vida) e a reforma urbana que retirou a população pobre do centro da cidade, derrubando vários cortiços e outros tipos de habitações mais simples. As manifestações populares e conflitos espalham-se pelas ruas da capital brasileira. Populares destroem bondes, apedrejam prédios públicos e espalham a desordem pela cidade. Em 16 de novembro de 1904, o presidente Rodrigues Alves revoga a lei da vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e a polícia para acabar com os tumultos. Em poucos dias a cidade voltava a calma e a ordem.

 


    Charge sobre a Revolta da Vacina (1904). Mesmo com a revogação da obrigatoriedade da vacinação, Oswaldo Cruz foi alvo de charges até mesmo de ameaças de morte por algum tempo.


Vídeo 1:

"Rattus Rattus” é um curta-metragem produzido pelo Copa Studio, o mesmo de "Tromba Trem". Com 12 minutos de duração e direção e roteiro de Zé Brandão, a animação tem como cenário o Rio de Janeiro de 1904. Na história Heitor, um imigrante de 12 anos, descobre uma maneira inusitada de ganhar dinheiro: caçando ratos.

É que para combater a peste bubônica, o diretor geral de saúde da época, Oswaldo Cruz, promove uma campanha de erradicação dos roedores pagando por cada animal capturado. "Rattus Rattus" foi vencedor do 1º Edital da FioCruz Video em 2009.


Exercícios: Clique Aqui!

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