quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Canudos

A pequena cidade no sertão baiano, Canudos, tornar-se-ia palco de um dos acontecimentos mais marcantes na primeira república. Esse fenômeno que envolveu os sertanejos, a figura do emblemático Antônio Conselheiro, o governo brasileiro, e a criação da obra de Euclides da Cunha, “Os Sertões”, caracterizou-se por ser um confronto popular contra as forças militares brasileiras. A Revolta de Canudos que aconteceu entre 1896-1897 foi marcada por uma república dividida entre restauradores e republicanos, durante o governo do presidente Prudente de Morais.
A Revolta de Canudos destoa vários elementos fundamentais para sua compreensão. O primeiro deles gira em torno de Antônio Conselheiro, líder do movimento, monarquista e que desejava o fim da república, por entender que ela trouxe o Estado laico e criticas efusiva a Igreja. Além disso, Antonio Conselheiro efetuava suas pregações dando a elas o tom que a salvação é algo individual e afirmando o retorno de Dom Sebastião. Isso vai de encontro ao próximo elemento que predispõem as analises culturais do movimento. Alguns pesquisadores, como Maria Isaura Queiroz defendem que, em Canudos, ocorreram tanto o milenarismo (ideia de um tempo cíclico), como messianismo (ressurgimento de Cristo como guerreiro) e sebastianismo (retorno de Dom Sebastião). Outro pesquisadores entretanto, defende a ideia de quem em Canudos, aconteceu o milenarismo e não o messianismo, é o caso de Robert Levine.
Euclides da Cunha foi responsável pela escrita da obra “Os Sertões”, que por muito tempo consistiria em uma das maiores documentação sobre a revolta. Em seu livro escreveu sobre a população local. Nela trata que “o sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral” . Na sua obra, Euclides pontua uma visão simpática para com os canudenses, critica o massacre feito pelo exercito além de perceber a mestiçagem com uma visão positivista.
A Revolta de Canudos termina em 1897 depois de resistir a várias expedições militares (cerca de 4 no total). Com um contingente militar aproximadamente de doze mil pessoas. O exercito dizimou o arraial e capturou o corpo de Antonio Conselheiro exumou e o decapitou. Sua cabeça foi levada a Salvador para estudos. 

Localização da cidade de Canudos.




Antônio Conselheiro morto, em sua única foto conhecida, tirada por Flávio de Barros no dia 6 de outubro de 1897.
 
 
Canudos em 1897. Fotografia de Flávio de Barros, fotógrafo do Exército.


     Charge de Angelo Agostini, onde mostra Antônio Conselheiro rechaçando a República. Publicada na “Revista Ilustrada” de 1896. Entendendo a charge: Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido popularmente como Antônio Conselheiro, foi um beato, líder religioso e social brasileiro. Nasceu em Quixeramobim (Ceará) em 13 de março de 1830 e faleceu em Canudos (Bahia) em 22 de setembro de 1897. Considerado um fora da lei pelas autoridades nordestina, Antônio Conselheiro peregrinava pelo sertão do Nordeste (marcado pela seca, fome miséria), levando mensagens religiosas e conselhos sociais para as populações carentes. Conseguiu uma grande quantidade de seguidores, sendo que muitos o consideravam santo. Há relatos de seguidores de Conselheiro que afirmaram que o beato tinha a capacidade de fazer milagres e que o mesmo fazia previsões sobre o fim do mundo. Em 1893, revolveu fundar nas margens do rio Vaza Barris, no município baiano de Canudos, uma comunidade. Pessoas carentes foram morar no Arraial de Canudos, pois lá tinham trabalho e acesso a terra, sem serem exploradas pelos fazendeiros.
    Antônio Conselheiro liderou e organizou o Arraial de Canudos de forma que o local cresceu e começou a causar preocupações nas autoridades políticas e nos fazendeiros da região. Foi chamado de monarquista e inimigo da República. O governo federal, com auxílio de tropas locais, organizou uma grande ofensiva militar contra o arraial liderado por Conselheiro. O conflito armado, conhecido como Guerra de Canudos, ocorreu entre 1896 e 1897. Antônio Conselheiro foi morto durante as batalhas em 22 de setembro de 1897, provavelmente, por ferimentos causados por uma granada.


Documentário:

Assista ao documentário "Paixão e Guerra no Sertão de Canudos" de 1993, dirigido por Antônio Olavo. O vídeo reúne raros depoimentos de parentes de Conselheiro, contemporâneos da guerra, filhos de lideres guerrilheiros, historiadores, religiosos e militares.



Exercícios: Clique Aqui!!

Referências bibliográficas:


  • CALASANS, José. No Tempo de Antônio Conselheiro. Salvador, Livraria Progresso Editora, 1959.


  • QUEIROZ, M. I. P. de Q. O Messianismo no Brasil e no Mundo. São Paulo, Dominus/Edusp, 1965.


  • QUEIROZ, M. I. P. . Canudos: la Guerre de la Fin du Monde. Magazine Littéraire, Paris, n.187, 1982.

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